APAE Cocal do Sul utiliza criação de abelhas sem ferrão como meio terapêutico
O projeto “Meliponário – Aprendendo de Flor em Flor”, nasceu em novembro de 2022 e já apresenta os primeiros resultados. A APAE de Cocal do Sul, sempre estimulou seus colaboradores a realizarem atividades e projetos que melhorassem a qualidade de vida e autonomia dos seus alunos.Juntando duas grandes paixões do seu colaborador, o médico veterinário, Vinícius Prior, que são as abelhas sem ferrão (ASF) e a pessoa com deficiência, surgiu a ideia de utilizar a criação de abelhas para abordar necessidades pedagógicas da instituição, criação de atividades terapêuticas, reflorestamento dos entornos da instituição com pasto melípona, e também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho. O Projeto “Meliponário Cala APAE – aprendendo de flor em flor”, surgiu em novembro de 2022 com o resgate de uma colmeia de abelhas Jataí (Tetragonisca angustula) de uma árvore no jardim da escola, tal árvore havia sido condenada pela Defesa Civil, por apresentar risco de queda. “Há dez anos a colmeia estava no local e visando proteger a colônia, decidimos transferi-las para uma caixa racional em um outro jardim da instituição. Deste fato, nasceu a intenção de transformar a criação de abelhas sem ferrão em um projeto permanente da APAE, ideia que foi apoiada pela diretoria. Doei uma colmeia de Abelha-Mirim (plebeia remota) e duas Jataís, e logo após um meliponicultor da região, Henrique Bonetti, acreditou no projeto e doou mais uma colmeia de Mandaçaia (Melipona quadrifasciata quadrifasciata)”, conta Prior. Assim os primeiros avanços do projeto foram notados e os enxames começaram a ser multiplicados, tendo ainda o investimento da APAE, com a aquisição de três novos enxames de Mandaçaia. Em fevereiro de 2023, já são 15 colmeias encontradas no espaço. “Já estamos trabalhando com os alunos a parte de produção de novos enxames e aos poucos a extração de mel e própolis, mas além disso, a intenção é abordar também toda a parte terapêutica que a atividade pode proporcionar. Desde a realização de atividades diversas com a figura da abelha, até o próprio contato com os enxames, tudo supervisionado pela nossa equipe técnica”, detalha o médico veterinário. A Coordenadora Pedagógica, Morgana Moro Kieslark destaca que os benefícios na parte sensorial são diversos. “Um dos itens que iremos trabalhar é a parte sensorial, os cinco sentidos: o gosto, a vibração, o cheiro, o visual, o barulho que faz. Mas também trabalharemos a parte das cores, das espécies, o desenvolvimento da parte afetiva, o pareamento, a tolerância e socialização como um todo. Tudo se torna estímulo”, garante. A estimativa é que todas as atividades terapêuticas poderão ser realizadas em até um ano, mas a coordenadora adianta que, a parte teórica já será levada para dentro das salas de aula, de maneira lúdica. “Começaremos com atividades mais simples, preparando os alunos para o contato com as abelhas de fato. Vamos levar o cheiro, a textura e o sabor do mel aos poucos, para que no próximo ano elas já se sintam mais confortáveis com o contato real com as colmeias”, completa Morgana. Processo de multiplicação de enxames O médico veterinário da APAE Cocal do Sul, Vinicius Prior, conta que neste primeiro momento, o trabalho no meliponário, foca na captura e divisão de enxames. “Levando em consideração as necessidades terapêuticas, o número de pacientes e visando o bem-estar da colmeia optamos por neste momento, realizar a multiplicação de colmeias, com técnicas que visam a criação de novas colônias de abelhas Mandaçaias e Mirins, onde todas as colônias da instituição são destinadas a multiplicação, sem a retirada dos seus produtos. A suplementação é feita por meio de alimentação artificial com xarope de 50% H2O + 50% sacarose”, destaca. Quando o assunto são as abelhas Jataís, o veterinário explica que o trabalho de captura também é realizado. “Com as abelhas da espécie Jataí utilizamos a técnica de captura de novos enxames, utilizando ninhos iscas dispostos pela instituição. Tais ninhos são confeccionados pelos próprios alunos por meio de atividade orientada”, completa. Por Henrique BonettiDiretor de eventos da Associação de Meliponicultores da Região Carbonífera – AMERC(48) 9 9663 4606