Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro recebe registro de indicação geográfica, como denominação de origem (DO).
A apicultura Sul Brasileira, e Santa Catarina como o maior produtor de mel de melato da bracatinga, juntamente com o RS e o PR, mostra mais uma vez o seu valor e potencial na produção e na diferenciação de méis de qualidade, únicos e reconhecidos internacionalmente. Conquista o registro definitivo de uma Indicação Geográfica, na qualidade de uma Denominação de Origem, o que significa que além da região ser reconhecida como único produtor, também é reconhecido pela qualidade única que este território confere ao Mel de melato. Um registro que determina que somente este território de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, e do Paraná, poderá no mercado denominar este produto como mel de melato da bracatinga do planalto sul brasileiro, protegendo o produto e garantindo mercado exclusivo para os apicultores desta região.
Apicultores e expertos do mercado exportador catarinense e do Paraná são unânimes em afirmar, “não existe outro produto igual no mundo”; em 2017, o mel de melato da bracatinga de foi reconhecido como o melhor do mundo no 45º congresso Internacional de Apicultura, em Istambul, na Turquia.
Reconhecimento este que envolveu um trabalho conjunto, desde 2017, entre as Federações de Associações de Apicultores dos três estados do Sul (FARGS, FEAP, FAASC); coordenados pela FAASC – Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina, os apicultores, contaram com o apoio e participação do SEBRAE, EPAGRI, UFSC, MAPA, SAR e diversos pesquisadores e profissionais da região do Sul do Brasil.
Segundo a FAASC, são 1.350 apicultores (1.108 em SC, 66 no PR, e 26 no RS), com aproximadamente 120.000 colmeias rastreadas, cadastradas, que produzem aproximadamente 500 toneladas do mel de melato da bracatinga por safra que ocorre a cada dois anos. Os apicultores em toda a região estão organizados em 16 associações e sete núcleos de grupos informais de apicultores na região produtora do melato, que processam seu mel em cerca de 10 pequenos e médios entrepostos de mel, e quatro entrepostos exportadores instalados nos três estados do Sul;
A região de produção do mel de melato da bracatinga, do planalto sul brasileiro, tem 58.987,1 km², está localizada entre os paralelos 25°24’52” e 29°44’21” Sul e os meridianos 48°53’76” e 52°13’24,25″ Oeste, e abrange total ou parcialmente 134 municípios (107 de SC, 12 do PR e 15 do RS).
Dessa forma, foi comprovado que o mel de melato da bracatinga, possui características ou qualidades que decorrem exclusiva ou essencialmente do meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. A interação entre a fauna (cochonilhas) e a flora local (bracatinga), aliada à ação das abelhas e ao saber-fazer dos apicultores que abarca o manejo apropriado das colmeias de acordo com o ciclo biológico das cochonilhas que ocorre a cada dois anos, permite a obtenção de um produto típico, com sabor e aroma característicos, fortemente vinculado ao meio geográfico e com grande potencial econômico, inclusive no exterior.
Com a Indicação Geográfica vem um ordenamento produtivo, regulação do uso da “marca” e “nome”, protegendo o apicultor e o consumidor contra a usurpação do uso indevido do produto, e certamente um grande fortalecimento do território e a cadeia produtiva, e a FAASC com as Federações parceiras, apicultores e instituições apoiadoras estarão trabalhando para garantir que este produto também seja valorizado no mercado local e nacional como é no exterior.
O que é mel de melato?
Segundo os estudos conduzidos pela EPAGRI, UFSC, URGS, e pesquisadora colaboradores, o mel de melato, é um produto natural das abelhas que não provém das flores, é obtido a partir das excreções de insetos sugadores de partes vivas das plantas.
Especificamente, o mel de melato da bracatinga é proveniente das cochonilhas (Tachardiella sp. ou Stigmacoccus paranaensis Foldi), insetos que vivem associados à árvore popularmente conhecida por bracatinga (Mimosa scabrella Bentham) como sugadores da seiva elaborada do floema. A bracatinga é uma espécie arbórea nativa do Brasil com distribuição predominante na região Sul.
Os bracatingais são infestados por cochonilhas que se fixam no tronco das árvores e se alimentam da seiva elaborada, excretando um líquido adocicado (rico em carboidratos) pelo canal alimentar em forma de gotas.
Este mesmo líquido, que fica depositado nas partes externas da planta, é utilizado como matéria-prima pelas abelhas da espécie Apis mellifera, e, a partir dessa associação é elaborado o mel de melato de bracatinga.
A produção do mel de melato da bracatinga no Sul do Brasil se dá comumente entre os meses de dezembro a junho, o que corresponde aos períodos de maior escassez de néctar e pólen. Entretanto, ocorre apenas a cada dois anos (anos pares), geralmente no primeiro semestre dos anos pares, nos anos ímpares ela ocorre em menor quantidade, o que, contudo, às vezes permite produção de pequenas quantidades de mel de melato. Assim, para promover a produção desse mel, o apicultor faz a migração das colmeias, levando para locais onde há bracatingas.
A qualidade do mel de melato faz a diferença para a saúde
A UFSC, juntamente com o Centro de Tecnologias de Alimentos identificou que os méis de melato diferem do mel floral porque além da presença das enzimas das abelhas, contêm enzimas derivadas das secreções da bracatinga que promovem características como coloração mais escura, maior condutividade elétrica, maiores teores de açúcares, nitrogênio e minerais, maior pH e, principalmente, maiores efeitos benéficos à saúde quando comparados aos méis florais (pela presença de compostos bioativos e potencial antioxidante).
Apesar da maior concentração de açúcares, o mel do melato apresenta menores quantidades de frutose e glicose e não cristaliza como o mel floral.
Vale destacar que estudos pioneiros com mel de melato da bracatinga da região demarcada demostraram que o mesmo possui ainda características diferenciadas quando comparado aos méis florais e de melato de outras origens geográficas e/ou botânicas, com destaque para a maior concentração dos aminoácidos livres serina, prolina, asparagina, ácido aspártico e ácido glutâmico.
Municípios da área geográfica produtora de Melato
107 municípios em SC: Abdon Batista; Abelardo Luz; Agrolândia; Água Doce; Alfredo Wagner; Anita Garibaldi; Anitápolis; Arroio Trinta; Atalanta; Bela Vista do Toldo; Bocaina do Sul; Bom Jardim da Serra; Bom Retiro; Braço do Trombudo; Brunópolis; Caçador; Calmon; Campo Alegre; Campo Belo do Sul; Campos Novos; Canoinhas; Capão Alto; Catanduvas; Celso Ramos; Cerro Negro; Chapadão do Lageado; Concórdia; Correia Pinto; Curitibanos; Erval Velho; Fraiburgo; Frei Rogério; Grão Pará; Herval d’Oeste; Ibiam; Ibicaré; Iomerê; Ipira; Ipumirim; Irani; Irineópolis; Itaiópolis; Jaborá; Jacinto Machado; Joaçaba; Lacerdópolis; Lages; Lauro Müller; Lebon Régis; Lindóia do Sul; Luzerna; Macieira; Mafra; Major Vieira; Matos Costa; Mirim Doce; Monte Carlo; Monte Castelo; Morro Grande; Nova Veneza; Orleans; Otacílio Costa; Ouro; Painel; Palmeira; Papanduva; Passos Maia; Peritiba; Petrolândia; Pinheiro Preto; Ponte Alta; Ponte Alta do Norte; Ponte Serrada; Porto União; Pouso Redondo; Praia Grande; Presidente Castelo Branco; Rancho Queimado; Rio das Antas; Rio do Campo; Rio Fortuna; Rio Negrinho; Rio Rufino; Salto Veloso; Santa Cecília; Santa Rosa de Lima; Santa Terezinha; São Bento do Sul; São Bonifácio; São Cristóvão do Sul; São Joaquim; São José do Cerrito; São Martinho; Siderópolis; Taió; Tangará; Timbé do Sul; Timbó Grande; Três Barras; Treviso; Treze Tílias; Urubici; Urupema; Vargeão; Vargem; Vargem Bonita; Videira;
12 municípios do PR: Bituruna; Coronel Domingos Soares; Cruz Machado; General Carneiro; Inácio Martins; Mangueirinha; Palmas; Paula Freitas; Pinhão; Porto Vitória; Reserva do Iguaçu; União da Vitória.
15 municípios do RS: Bom Jesus; Cambará do Sul; Caraá; Itati; Jaquirana; Mampituba; Maquiné; Morrinhos do Sul; Riozinho; Rolante; São Francisco de Paula; São José dos Ausentes; Terra de Areia; Três Cachoeiras; Três Forquilhas.